10/02/2015

Rotina pode causar lapsos de memória, diz especialista

A morte do menino Breno, de 6 anos, no estacionamento do Serviço Social da Indústria (Sesi), na Zona Noroeste de Santos, sexta-feira, após ser esquecido pela tia – professora da unidade – dentro de um veículo, chocou toda a sociedade da Baixada Santista. Indignadas com o lapso de memória da docente, muitas pessoas usaram as redes sociais na internet para criticá-la e responsabilizá-la pelo crime.

No entanto, de acordo com a doutora em Psicologia Social e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Maria Izabel Calil Stamato, ninguém está livre deste tipo de situação. Segundo ela, a quebra da rotina pode ter sido a causa para o esquecimento do garoto no veículo.

Conforme apurado pela Reportagem, a professora tinha o hábito de levar Breno e o filho todas as manhãs à escola. No entanto, na sexta-feira, o filho dela faltou. Acostumada com a agitação dos dois juntos, a tia esqueceu que Breno dormia no banco de trás e, logo após estacionar o carro, foi para a sala de aula. Por volta das 16h30, quando se preparava para ir embora, ela encontrou o sobrinho já sem vida no veículo.

“Hoje em dia temos uma vida extremamente agitada e, ao mesmo tempo, bastante regrada. O trabalho e as demandas que a vida traz fazem com que a gente tenha horários certos para tudo. Isso nos cria uma rotina, nos coloca no piloto automático. Quando uma situação inesperada quebra essa rotina, como foi a ausência do filho da professora, corremos riscos (de esquecer algo ou alguém)”, pondera a psicóloga.

Por isso, Maria Izabel ressalta a importância de estarmos sempre atentos ao momento em que estamos vivendo. “Não dá para fazermos as coisas já com a cabeça em outros compromissos. Isto nos tira do momento real e somos tomados por preocupações externas. Por exemplo: Se estamos levando a criança à escola, temos que cumprir essa obrigação e só depois pensarmos no trabalho ou qualquer outra tarefa”.

Trauma psicológico

dor de ter sido responsável pela morte de Breno, na visão da psicóloga, jamais sairá da cabeça da tia e professora. Trata-se de algo irrecuperável, que se torna um grande trauma psicológico e que necessitará de acompanhamento médico.
“Além de toda a culpa que está sentindo, a tia do garoto terá que conviver com o preconceito e a punição da sociedade, que é perversa em casos assim. Ela corre sério risco de entrar numa depressão profunda ou em um grave quadro de angústia. Desta forma, a ajuda de um psicólogo ou um psiquiatra será essencial na recuperação dessa professora – ou de qualquer pessoa que passe por algo do gênero”, aconselha a psicóloga.
“O mais importante agora é entender que, apesar de ser uma situação sem conserto, ela não é uma criminosa. Foi algo que poderia ter acontecido com qualquer pessoa”, avalia Maria Izabel.

Fonte: http://www.atribuna.com.br/cidades/rotina-pode-causar-lapsos-de-mem%C3%B3ria-diz-especialista-1.428043

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