05/01/2015

Infidelidade virtual

A infidelidade virtual é um tema conspícuo que divide opiniões na esfera da filosofia, sociologia e mesmo na psicologia.O termo virtual vem do latim medieval e conserva a ideia de virtude, força ou potência em nossos dias. Do ponto de vista legal, não existe infidelidade virtual porque esse tipo de relação não é considerado uma traição. Na filosofia só é considerado traição se o “olho do espírito” não conseguir “ver”o que está por trás da relação. Benedito de Espinoza foi o primeiro a suscitar o problema do ler, e, por conseguinte do escrever, como também o primeiro no mundo a propor simultaneamente uma teoria da história e uma filosofia da opacidade do imediato.

Daí, toda a fragilidade no sistema dos conceitos, que constitui o conhecimento, reduzir-se à fraqueza psicológica do “ver”. E se são as omissões do ver que explicam os seus equívocos nos dias de hoje, do mesmo modo, por uma necessidade peculiar, será a acuidade do “ver” o que há a explicar em suas visões de todos os conhecimentos reconhecidos. Ou seja, atingimos assim a compreensão da determinação do visível como visível, e conjuntamente do invisível como invisível, e do vínculo orgânico que une o invisível ao visível. Assim, é visível todo objeto ou problema que se situa no terreno, e no horizonte, isto é, no campo estruturado definido da problemática teórica de determinada disciplina teórica que nos impõe e revela a condição social de visibilidade.

Para a psicoterapeuta sexual Lúcia Rosenberg, com razão, o nexo de quem determina o que seria infidelidade ou não é o próprio casal: “a fidelidade passa pelo acordo. Os limites são diferentes e precisam ser esclarecidos. Muitas pessoas acreditam que ela é mental, para outras, é física”. A terapeuta de casais Marina Vasconcellos, aproximando-se do interacionismo simbólico, ou na sociologia do direito de Niklas Luhmann, considera este relacionamento “uma traição da confiança da relação”, e salienta: - “a infidelidade caracteriza-se pela relação de intimidade com outra pessoa que não seja o cônjuge, ou mesmo pela intenção de se relacionar com alguém, mesmo quando se está comprometido”. Na sociologia pragmática significa o fim da relação. Pois fim é a representação de um resultado que se converte em causa de uma ação. 

Ubiracy de Souza Braga

usbraga@hotmail.com
Sociólogo e cientista político

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2015/01/03/noticiasjornalopiniao,3371205/infidelidade-virtual.shtml

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